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segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

HIPERFOCO, O LADO BOM DA TDAH

Auber, nosso colaborador, já sofreu em grau relativamente alto de TDAH quando mais jovem. Hoje, aos 45 anos, os sintomas são bem mais leves, exceto por um detalhe: o hiperfoco.

Ele diz que é comum entre os portadores do transtorno concentrarem-se de tal forma em algo que lhe desperte muita atenção que se é capaz de ignorar o que se passa à volta. Com bastante treinamento de concentração, é possível ativar voluntariamente o chamado hiperfoco para realizar uma atividade importante.

O próprio Auber descreve uma situação que lhe ocorreu há alguns anos, que exemplifica o que é o hiperfoco:

"Gosto muito de ler e, em meu apartamento, o faço preferencialmente na sacada, deitado na rede. Fico horas a fio ali, recostado, entretido com as palavras.

Certa vez, estava lendo um jornal aqui de Porto Alegre e me chamou a atenção um acidente terrível que ocorrera na cidade: um microônibus teve um problema mecânico, numa descida, cruzou para a pista contrária, atingiu de frente um automóvel, bateu em outro, estacionado, e capotou sobre a calçada. Felizmente, ninguém se feriu com gravidade. Mas a coisa toda foi muito grande.

Ao ver o texto, percebi que o acidente acontecera na rua onde moro. Observando os detalhes da foto, vi que tinha ocorrido na frente do meu prédio, bem embaixo da sacada (moro no 5º andar).

Mas o choque mesmo se deu quando vi o horário do acidente: exatamente o mesmo em que eu estava deitado na rede, lendo. A muvuca toda aconteceu a uma centena de metros de mim e eu não percebi coisa alguma!!!"

:-D

sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

"SONHAR É PRECISO"


Psiquiatra Ana Beatriz Barbosa Silva, autora do best seller Mentes Inquietas, concedeu longa entrevista à revista Veja, em 2009. Nela, fala sobre TDAH. Como é muito extensa, vamos postar alguns trechos mais significativos:

A psiquiatra carioca Ana Beatriz Barbosa Silva, 43 anos, especializou-se em traduzir para uma linguagem acessível o universo misterioso dos transtornos mentais. Seu último livro, Mentes Perigosas, apresentou as muitas faces dos psicopatas e há 44 semanas faz parte da lista dos mais vendidos de VEJA. Ela já havia feito uma primeira incursão vitoriosa. Seu Mentes Inquietas, sobre o transtorno do déficit de atenção (TDAH), vendeu 200 000 cópias e está sendo relançado. Nesta entrevista, Ana Beatriz fala de sua experiência, da importância do diagnóstico precoce e afirma que, embora não tenha cura, o transtorno permite uma vida normal e criativa.

Como a senhora descobriu que tem o transtorno do déficit de atenção?

Eu já estava no 3º ano da faculdade de medicina. Tinha 19 anos. Fui a um seminário em Chicago sobre depressão. Consegui errar tudo: cheguei um dia e uma hora atrasada para a primeira aula. Como não apareci, minha inscrição foi cancelada. A atendente da faculdade viu meu desespero e disse que eu poderia me transferir para outro curso, com início naquele dia. O professor era John Ratey, papa do déficit de atenção. Ele começou a detalhar o transtorno e pensei que estivesse falando sobre mim.

Chegou a ser incômodo. Quando a aula acabou, fui atrás dele conversar sobre meu comportamento desde a infância. No dia seguinte fiz um teste que revelou que eu tinha TDAH em grau grave. Ele então me disse: "Sobreviver, você já sobreviveu. Sabe se virar, frequenta uma boa faculdade. Mas você mata um leão por dia". Comecei então o tratamento. Foi um divisor de águas. Senti-me como um míope que põe o primeiro par de óculos e percebe que o mundo é cheio de detalhes. Usei a medicação por cinco anos consecutivos. Hoje, quando escrevo um livro, volto a tomá-la no último mês. É a hora em que junto todas as informações e preciso ter mais senso crítico.

O que provoca o TDAH?

A pessoa que tem o transtorno nasce com uma alteração no funcionamento do lobo frontal. Essa seção do cérebro é um maestro do comportamento humano, uma área em que se cruzam sistemas neurais ligados à razão. Entre outras ações, regula a velocidade e a quantidade de pensamentos. No TDAH, esse filtro funciona com eficiência menor. O resultado é a hiperatividade mental e, consequentemente, a perda de foco, de objetividade. Quem nasce com TDAH não tem problema de inteligência, mas de administrar o tempo, fixar a atenção, dar continuidade ao que inicia. O transtorno é muito mais comum do que se imaginava. Segundo a Associação de Psiquiatria Americana, 6% da população em idade escolar tem esse padrão de funcionamento mental nos Estados Unidos. No Brasil, as pesquisas apontam uma média próxima a essa.

O que provoca essa alteração do funcionamento do cérebro?

É um transtorno químico, causado pela baixa de dois neurotrasmissores: a dopamina e a noradrenalina. Essa alteração diminui a ação filtrante do lobo frontal. A genética já mostrou ter papel importante, mas fatores externos acabam interferindo na evolução do transtorno. Se não é cercada por uma organização mínima, a pessoa pode ter sérios prejuízos em sua qualidade de vida.

Como o transtorno interferiu em sua trajetória pessoal?

Sempre achei que havia algo errado comigo. Na escola, tinha horror a ditado. Meu coração disparava: sabia que precisava prestar atenção ao que a professora dizia e, simultaneamente, observar se não estava cometendo erros ao escrever. Nessas horas, eu me sentia a criança mais burra da sala. Fora do colégio, também sofria. Uma vez meu pai, que é professor, corrigiu tanto meu diário que botei fogo nas páginas depois. Vivia com as pernas roxas de tanto cair e bater nos móveis. Meu armário era uma bagunça absurda.

Tenho uma irmã cinco anos mais velha, centrada, organizada. Durante muito tempo, dei a ela parte da minha mesada para que arrumasse meu armário. Todas as vezes que minha mãe reclamava comigo, eu concordava, entendia que ela tinha razão. Mas eu não sabia como tudo isso acontecia. No início da adolescência, bateu uma vontade enorme de mudar. Eu era uma criança falante e me fechei. Fiquei retraída, quietinha, para não errar. Vivia no meu quarto, lendo. Isso foi dos 12 aos 16 anos.

Na infância me chamavam de pinga-fogo, porque eu não parava. Na adolescência, quando me tranquei, virei Bia Sid (de sideral). Às vezes, achava que era burra. Por outro lado, sabia que tinha conhecimento e imaginação. Acabava o dia com dor de cabeça de tanto pensar. Era uma angústia.

Mas a senhora hoje é uma psiquiatra bem-sucedida. Como conseguiu isso?

O diagnóstico foi libertador. Passei a me observar. Com a medicação, comecei a fazer mais rápido o que antes demandava muito esforço. Foquei na psiquiatria. No meu trabalho, nada me escapa hoje. Tenho um filme na cabeça sobre cada paciente. Quem tem TDAH presta uma atenção acima da média naquilo que desperta seu interesse verdadeiro. É o que a gente chama de hiperfoco. Por isso, acho injusto falar de déficit de atenção. O que existe é uma atenção instável.

O menino com TDAH pode sofrer na escola, mas desenhar muito bem ou tocar piano de ouvido, se essa for a sua paixão. Por isso, é fundamental que os pais descubram os talentos do filho e o estimulem a fazer aquilo de que realmente gosta. Para quem tem TDAH, isso funciona como remédio.

Como sua família enfrentou o problema?

Minha mãe creditava meu comportamento a falhas do método pelo qual fui alfabetizada. Meu pai achava que era preguiça. Mas eles eram compreensivos, porque sabiam que eu não fazia nada de propósito e era honesta, sincera, assumia os erros. Voei de bicicleta no carro do vizinho e meu pai pagou o conserto sem reclamar. Quando eles buscaram um diagnóstico para meu comportamento, os médicos disseram que eu tinha uma disritmia e me passaram um remédio. Devido à sonolência que causou, parei logo de tomar essa medicação. Ainda bem.

Por natureza, as crianças costumam ser agitadas e inquietas. Quando os pais devem desconfiar que o filho sofre do transtorno?

Na infância, desatenção e impulsividade são normais. Mas, em geral, estão relacionadas a algum motivo específico: porque a criança dormiu mal, está preocupada com alguma coisa, apaixonou-se pela primeira vez. O que acontece é que uma criança com TDAH tem esse comportamento de maneira constante e mais intensa. Ela já nasce com o cérebro funcionando dessa maneira e, antes dos 7 anos, é possível perceber isso. Na infância, existe uma profusão de sintomas – e não são notas baixas. O lençol não para na cama porque a criança se mexe demais durante a noite.

Também pode falar dormindo. Os professores mandam recados dizendo que aquele aluno é extremamente inteligente, mas isso não se traduz nas avaliações. A criança também é excluída das brincadeiras na escola, porque tem dificuldade de esperar a vez nos jogos em grupo e manter a atenção nas tarefas. Olhar a agenda e os cadernos também ajuda muito: eles refletem a organização do pensamento e como a criança anota as observações que professores fazem durante as aulas. A condição fundamental para o diagnóstico de TDAH é a hiperatividade mental. Ninguém adquire TDAH ao longo da vida. Quem tem o transtorno já nasceu com esse tipo de funcionamento cerebral. É o histórico que leva ao diagnóstico preciso.

O que a senhora aconselha a quem descobre que o filho tem TDAH?

A primeira coisa é ver o grau de sofrimento dessa criança, o nível de desconforto. É preciso ir à escola conversar com professores, ouvir a babá. A partir daí, dar oportunidade à própria criança para que ajude no tratamento, participe. Tenho um paciente que enlouquecia a família. Depois de usar medicação por dois anos e ter uma melhora estupenda, ele disse: "Já tenho noção de como é meu cérebro funcionando da maneira que tem de ser e queria parar de tomar o remédio, tentar do meu jeitinho". Ele ganhou uma percepção de seu comportamento. Outra coisa que os pais devem entender é que ser justo em questão educacional não é tratar os filhos todos da mesma maneira.

Eles têm de ver o que cada um precisa. No caso do TDAH, é fundamental dar ênfase à disciplina. Inclusive com a mesada. Como ele tende a gastar tudo de uma vez, o dinheiro tem de ser liberado aos poucos, para criar um limite e cumpri-lo. Com meus pacientes, por exemplo, costumo assinar um contrato toda vez que quero alguma coisa. Sempre funciona.

TDAH tem cura?

Não tem cura, mas há grandes chances de um final feliz. No momento em que você entende sua engrenagem, passa a dominá-la em vez de ser dominado por ela. Aí pode até levar vantagens. O excesso de pensamento – que causa exaustão, desorganização e esquecimento – também traz ideias. Existem ideias boas e más. O grande aliado de quem sofre de TDAH é um caderninho. Em qualquer lugar, eu anoto pensamentos que já deram origem a capítulos de livros. Mesmo para ideias sem sentido, é vital ter organização. Dali pode sair algo realmente inovador.

REUNIÃO TERAPÊUTICA PARA TOC EM PORTO ALEGRE

Associação Gaúcha dos Portadores de TOC (AGATOC) realiza reuniões mensais abertas à comunidade na última sexta feira de cada mês (hoje, portanto), na sala 160 do Hospital de Clínicas de Porto Alegre, às 18:30.

quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

TOC E ST EM REPORTAGEM DE TV


Reportagem muito interessante de uma emissora de TV de Santos (SP) aborda a síndrome de Tourette e o transtorno obsessivo-compulsivo. Vale a pena ver porque é mais uma ajuda na divulgação dessas duas doenças, tão comuns quanto desconhecidas pela população.

segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

TERAPIA ALTERNATIVA AOS MEDICAMENTOS

A terapia de reversão de hábito é um tipo de terapia comportamental que provou ser bem-sucedida em pacientes que sofrem de síndrome de Tourette em grau não severo. A terapia tem cinco componentes: treinamento de consciência, treinamento de resposta competitiva, gerenciamento de contingência, treinamento de relaxamento e treinamento de generalização.

Especialistas acreditam que a parte da resposta competitiva é a chave para o sucesso da terapia. Um paciente que sofre de tics é treinado a identificar melhor quando um tic irá ocorrer. Quando ele tem um impulso ao tic, realiza uma resposta competitiva: geralmente uma ação que usa os mesmos músculos que o tic usaria.

Por exemplo, se ele sofre de um tic de encolhimento dos ombros, uma resposta competitiva seria esticar os músculos do pescoço e empurrar os ombros para baixo.

Fonte: UOL

sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

DOENÇAS NEUROLÓGICAS E ALTERAÇÕES DA PERSONALIDADE


Há pessoas que, depois de alguma condição médica, seja clínica, degenerativa, infecciosa ou traumática (ou ainda psicológica, neurológica ou existencial), mudam sua maneira de ser. Algumas vezes de forma definitiva, outras – felizmente, a maioria – temporariamente. É como se passasse a ser outra pessoa, com reações e comportamentos bem diferentes daqueles que a caracterizavam antes.

Para a psiquiatria, o termo "personalidade" se refere à totalidade de traços emocionais e comportamentais que caracterizam o indivíduo na vida cotidiana. Transtorno de Personalidade seria uma variação destes traços além da faixa de variação encontrada na maioria das pessoas.

Mais de 50% do córtex cerebral é constituído por áreas límbicas e de associação. Assim, é fácil deduzir que as patologias que acometem o cérebro são aquelas que mais alteram a personalidade da pessoa. Se a estrutura cerebral é comprometida, sem dúvida alguma, haverá repercussões sobre a função do órgão e, obviamente, sobre o psiquismo.

A perturbação na Alteração da Personalidade representa uma mudança no padrão prévio de personalidade característico do indivíduo. Isso quer dizer que a personalidade da pessoa vinha com determinado perfil de traços e de caráter e, de um momento em diante, apresentou mudanças nesse padrão, consequentemente mudando as reações e comportamentos.

Essa perturbação da personalidade para receber tal diagnóstico, deve causar sofrimento ou prejuízo significativo no funcionamento social, ocupacional ou em outras áreas importantes.

As manifestações comuns incluem instabilidade afetiva, dificuldade no controle dos impulsos, episódios de agressividade ou raiva em nítida desproporção com estímulos desencadeantes, acentuada apatia que aparece de repente, certa desconfiança, podendo chegar à paranóia em casos mais graves. A pessoa com Alteração da Personalidade é descrito pelos outros como "não sendo ela mesma".

O tipo de AP chamado de instável tem uma característica predominante de instabilidade afetiva, intercalando com certa rapidez momentos de depressão e de hipomania, de ânimo pouco acima do normal com desânimo, de interesse com desinteresse. Esse tipo de alteração é mais comum em pessoas com lesões afetam os lobos temporais.

Já o tipo agressivo tem como característica predominante um comportamento violento, com crises de agressividade e irritabilidade. É mais comum na dependência química e após traumatismo craniano. O tipo apático é caracterizado por acentuada apatia e indiferença. E o tipo paranóide é aquele cuja característica predominante é a presença de desconfiança ou ideação paranóide

Fonte: Psiqweb

quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

DOPAMINA SERIA A GRANDE VILÃ?

Estudos apontam que anomalias nos neurotransmissores, especificamente quantidades excessivas do neurotransmissor dopamina, podem estar envolvidas na síndrome, o que alguns sugerem que talvez seja o mecanismo primário da síndrome de Tourette.

A dopamina atua no cérebro para ajudar a regular movimentos e emoções. Portanto, qualquer distúrbio pode alterar esses fatores. Níveis diminuídos de dopamina foram apontados como causa do mal de Parkinson doença caracterizada por movimentos lentos, paralisia facial, tremores e fraqueza generalizada.

Em pacientes com quantidades excessivas de dopamina, são esperados sintomas de contrações musculares involuntárias súbitas e espasmódicas, como aqueles da síndrome de Tourette.

segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

QUEM FOI GILLES DE LA TOURETTE

Georges Albert Édouard Brutus Gilles de la Tourette (França, 1857 — 1904) iniciou seus estudos aos 16 anos na faculdade de medicina de Poitiers. Mudou-se depois para Paris, onde foi interno de Jean-Martin Charcot, diretor do Hospital da Salpêtrière, em 1884. Em seguida foi chefe da clínica de Charcot, de 1887 a 1889, e depois membro da equipe de Fulgence Raymond, o sucessor de Charcot na Salpêtrière.

Gilles de la Tourette estudou a histeria, os aspectos médicos e legais do mesmerismo, e lecionou psicoterapia. Em 1884, descreveu, em nove pacientes, os sintomas da síndrome que denominou maladie des tics convulsifs (doença dos tiques convulsivos) e que Charcot renomearia "doença de Gilles de Tourette" em sua honra.

Membro da chamada Escola da Salpêtrière, ele sempre compartilhou inteiramente das idéias de Charcot, seja com relação à hipnose, seja quanto à histeria. Publicou um artigo sobre a histeria no Exército Alemão e um outro sobre as condições anti-higiênicas nos hospitais flutuantes do rio Tâmisa.

Em colaboração com Gabriel Legué, analisou as observações feitas pela madre Jeanne des Anges sobre o seu próprio caso de histeria, cuja origem teria sido o seu amor não correspondido pelo padre Urbain Grandier - posteriormente acusado de bruxaria e queimado vivo.

Nos últimos anos de sua vida, porém, Gilles de la Tourette sofreria uma série de reveses. Em 1893, pouco depois da trágica morte do seu filho e do professor Charcot, uma jovem paranóide, antiga paciente da Salpêtrière, deu-lhe um tiro na cabeça, dentro do seu consultório, depois de acusá-lo de tê-la hipnotizado contra a sua vontade - o que os especialistas garantem ser impossível.

Tourette sobreviveu a esse ataque, mas o bizarro episódio deu origem a um rumoroso processo que parecia, à primeira vista, endossar a tese, defendida pela Escola de Nancy, de que os indivíduos podem ser movidos ao crime, sob sugestão hipnótica - tese que Tourette sempre rejeitara veementemente.

Extremamente abalado, ele começou a oscilar entre crises de depressão e acessos hipomaníacos. Entretanto, continuava a dar conferências sobre literatura, mesmerismo e teatro até por volta de 1902, quando seu estado mental se agrava. Demitido do seu posto de trabalho, foi internado em uma clínica psiquiátrica de Lausanne, onde morreu.

Apesar da relevância de suas realizações, a morte de Gilles de la Tourette suscitou apenas a publicação de um relato biográfico incompleto, feito por seu amigo Paul Le Gendre, e de alguns obituários pouco informativos.

Fonte: Wikipedia

sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

ST NO PROGRAMA DA OPRAH

Ainda é possível contar nos dedos de um par de mãos o espaço que a mídia brasileira já dedicou ao tema síndrome de Tourette, diferente do que acontece nos Estados Unidos. Lá, já se fez e se faz filmes (veja as dicas postadas aqui), documentários, vídeos, entrevistas, artigos.

Como a megaultrapop apresentadora Oprah Winfrey. Ela ofereceu boa parte de seu programa, que atinge milhões de espectadores por todo o país e até o exterior, a mostrar um pouco da vida dos touréticos jovens. São cerca de 15 minutos de pura emoção.


Parte 1

Parte 2


quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

EEG, MRI, PRA QUE?


Se não há nenhuma evidência para confirmar o diagnóstico da síndrome de Tourette, por que os neurologistas costumam solicitar que o possível portador de ST faça um eletroencefalograma (EEG) e ressonância magnética (MRI)?

Segundo a drª. Cathy Budman, do Centro Psiquiátrico para os Transtornos do Movimento da Universidade de North Shore (EUA), o diagnóstico da síndrome permanece essencialmente clínico, sempre excluindo outras possíveis causas que dão movimentos involuntários e/ou tiques vocais. Não há exame de sangue ou outros testes de laboratório para confirmar o diagnóstico da síndrome de Tourette.

No entanto, é da responsabilidade do médico descartar outras causas potenciais de sintomas, com base em um olhar cuidadoso sobre a sua história clínica e exame físico. Por exemplo, um EEG pode ser útil para excluir convulsões, e MRI pode excluir a presença de alguma anomalia no cérebro.

Fonte: Blog Mis Tics

segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

ASSISTA AO VÍDEO SOBRE TOURETTE NO TELEDOMINGO


Prá quem é de fora do Rio Grande do Sul (ou do Brasil!) e prá quem não conseguiu assistir à reportagem que a RBS TV, afiliada da Rede Globo, exibiu neste domingo sobre a síndrome de Tourette, da qual o Auber, nosso colaborador, participou, postamos acima o vídeo do programa.

Também informamos o contato do neurologista Carlos Rieder, entrevistado na matéria. Ele é de Porto Alegre e tem clínica no bairro Moinhos de Vento. O fone dele é (51) 3222-5885. É o dr. Rieder quem trata o Auber.

TRATAMENTO DE TDAH EM ADULTOS

O tratamento do TDAH começa com o diagnóstico correto feito por um médico. Existem boas opções de tratamento no adulto. O tratamento medicamentoso deve ser reservado para os casos nos quais aconteça algum prejuízo, alguma dificuldade na vida do paciente. Considerando que o TDAH pode estar associado a problemas diversos como quadros depressivos, ansiedade, problemas com álcool e drogas, estas condições devem ser tratadas também.

Medidas não farmacológicas

Várias linhas de psicoterapia podem ser indicadas. No caso de adultos casados, com frequência algumas intervenções necessitam ser realizadas com o cônjuge. Associação de técnicas cognitivo-comportamentais com tratamento medicamentoso tem eficácia comprovada.

Tratamento com medicamentos

Vários remédios podem ser prescritos no tratamento do Transtorno do Déficit de Atenção com ou sem Hiperatividade, havendo evidências mais sólidas de eficácia com os psicoestimulantes  metilfenidato (Ritalina ou Concerta),  pemoline (Cylert), e as anfetaminas (Dexedrine, Adderall). Em alguns casos, o modafinil (Stavigile) pode ser usado.

Os psicoestimulantes são a primeira escolha no tratamento de TDAH, segundo o NIH – National Institute of Health, dos EUA. Existem mais de 170 estudos clínicos, com mais de 6 mil pacientes avaliados, sendo que 70% respondem com um único estimulante (o que é considerado muito bom).

Esses medicamentos melhoram não apenas os sintomas típicos (desatenção, impulsividade e hiperatividade), como também aqueles de condições coexistentes (especialmente ansiedade e depressão) além das explosões de raiva e comportamento intempestivo.

Antidepressivos podem diminuir a agressividade, melhorando também os sintomas de ansiedade e depressão frequentemente observados em portadores de TDAH. Clonidina (Atensina), um medicamento para tratamento de hipertensão arterial, parece estar associado à resposta favorável em bom número de casos. Neurolépticos, remédios que atuam na dopamina, podem ser usados, quando os estimulantes promovem aumento do comportamento motor ou quando existe déficit cognitivo associado (retardo mental).

Efeitos colaterais

Ocorrem em apenas cerca de 4% dos pacientes e são: insônia, diminuição do apetite, dores de estômago e cabeça e vertigem.  Existia uma crença de que o uso de estimulantes retardaria o crescimento de crianças e por isso se recomendava os “feriados” (alguns dias ou o final de semana) ou “férias” (meses) terapêuticas. Recentemente, estudos mostraram que isto não acontece.

Mas atenção: tudo o que foi exposto aqui precisa, necessariamente, ser prescrito por um médico. Não se automedique!

Fonte: cefaleias.com.br

sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

ENTREVISTA SOBRE ST NA RBS TV (ATÉ QUE ENFIM! :-D)

Finalmente, após dois adiamentos, a entrevista com o Auber, nosso colaborador, sobre síndrome de Tourette, será veiculada neste domingo, 8/01, no programa Teledomingo, da RBS TV. Apenas quem reside no Rio Grande do Sul pode captar o sinal da emissora, mas já na segunda-feira, estaremos postando o video aqui no Clic.

TCC NO CONTROLE DA TOURETTE


O uso da terapia cognitivo-comportamental (TCC) para tratar os tiques na síndrome de Tourette também pode ser eficaz e até mesmo superior ao medicamento em alguns casos. Um novo estudo realizado por pesquisadores do Centre de Pesquisa Fernand-Seguin do Hospital Louis-H. Lafontaine, afiliado à Universidade de Montreal, Canadá, observou que a terapia tem efeitos não só em tiques, pensamentos e comportamentos, mas também sobre a atividade do cérebro.

Um dos pesquisadores da equipe de estudo, Marc Lavoie (foto), argumenta que a descoberta poderia ter um grande impacto sobre o tratamento desta doença. “Em alguns casos, medidas fisiológicas poderiam melhorar a terapia a fim de moldá-la conforme o tipo específico de paciente”.

Em experimento com adultos, a terapia mostrou ser eficaz na reconstrução cognitiva e na modificação comportamental e fisiológica. Os resultados demonstraram uma diminuição significativa dos tiques e, o mais importante, foi possível observar uma normalização da atividade cerebral quantificável, relacionada à melhoria dos sintomas em pacientes com a síndrome.

A originalidade dos resultados do estudo endossou a presença de uma mudança cerebral mensurável como resultado destas mudanças cognitivas e comportamentais. Enfim, a terapia permite uma reconstrução cognitiva e também uma mudança comportamental e fisiológica. O estudo é o primeiro a demonstrar os efeitos fisiológicos de uma terapia cognitiva-comportamental em pacientes com a síndrome de Tourette.

Fonte: site Ciência Diária

quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

NUNCA É DEMAIS LEMBRAR

As pessoas com a síndrome encontram dificuldades de adaptação nas escolas, porque são discriminadas, sofrem bullying ou recebem apelidos indesejáveis.

Com frequência, são expostas a situações vexatórias em público, sendo que os impulsos podem piorar ou ficar mais fortes em situações de nervosismo ou de ansiedade.

A IGNORÂNCIA SOBRE ST, NUMA VISÃO BEM-HUMORADA


Está fazendo sucesso na internet um vídeo brasileiro chamado "Conversas de Elevador", em que um rapaz, que desconhece a existência da coprolalia (sintoma da ST que faz o doente falar obscenidades), se depara com uma portadora da patologia.

É uma abordagem diferente, divertida, sobre o problema, que em nada nos desmerece ou denigre. Até ajuda, com bom humor, a divulgá-lo. Afinal, encarar a Tourette de maneira tranquila é o melhor remédio pra controlar os tiques.

Se quiser fazer download do filme, clique no link a seguir (escolha "free download"): http://uploaded.to/file/2sd56u4g

segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

MEDICAMENTOS PARA O TRATAMENTO DA ST


A natureza intencional dos tiques permite uma abordagem terapêutica comportamental com o objetivo de reduzir sua frequência através da interrupção da seqüência estímulo-resposta. A reversão de hábito tem-se mostrado eficaz para o tratamento dos tiques na ST (Wilhelm et al., 2003; Verdellen et al., 2004). Desse modo, um programa terapêutico multidisciplinar deve ser estabelecido, em colaboração com familiares e o paciente, visando o apoio psicológico e a reintegração social do mesmo (Arzimanoglou, 1998).

O uso de medicamentos ou outras técnicas podem trazer tanto benefícios quanto efeitos colaterais e, portanto, a abordagem farmacológica deve ser considerada somente quando os benefícios da intervenção forem superiores aos efeitos adversos. Além disso, fatores psicológicos e sociais podem influenciar na evolução da resposta terapêutica em pacientes com ST (Sandor, 2003).

Até o momento a ST não tem cura, sendo que o tratamento farmacológico é utilizado para o alívio e controle dos sintomas apresentados. O medicamento é administrado em pequenas doses, com aumentos graduais até que se atinja o máximo de supressão dos sintomas com o mínimo de efeitos colaterais. A posologia dos medicamentos varia para cada paciente, necessitando ser avaliada atentamente pelo médico (Associação Brasileira de Síndrome de Tourette, Tiques e Transtorno Obsessivo-compulsivo, 2004).

No grupo dos medicamentos utilizados no tratamento dos portadores de transtornos de tiques, encontram-se os antidepressivos tricíclicos, usados também no transtorno de déficit de atenção e hiperatividade associados, onde é contra-indicado o uso de psicoestimulantes (Spencer et al., 1994).

Estudos mostram que os antagonistas dos receptores dopaminérgicos reduzem a freqüência e a severidade dos tiques em cerca de 70% dos casos (Shapiro e Shapiro, 1998). Essas observações sugerem que o bloqueio dos receptores dopaminérgicos tipo 2 é o ponto central para a eficácia do tratamento (Scahill et al., 2000; Sandor, 2003) e por isso, os antagonistas dos receptores de dopamina são largamente utilizados (Hounie e Petribú, 1999).

O haloperidol, um neuroléptico com ação antagônica sobre os receptores dopaminérgicos, iniciou a era do tratamento farmacológico da ST, há cerca de 40 anos (Caprini, 1961; Seignot, 1961; Sandor, 2003). Este medicamento é utilizado inicialmente em pequenas doses (0,25 a 0,5 mg ao dia) com aumentos de 0,5 mg por semana até o máximo de 2 a 3 mg ao dia. A dose deve ser individualizada para cada paciente, havendo relatos entre 0,5 a 40 mg ao dia.

Para o controle dos tiques, este medicamento é requerido em baixas doses na maioria dos pacientes com ST, como indicado por um recente estudo, no qual uma dose equivalente à cerca de 2 mg de haloperidol, por dia, atingia a saturação de cerca de 80% dos receptores dopaminérgicos tipo 2. Este nível de efeito seria essencial para a eficácia do tratamento e a diminuição dos tiques (Fitzgerald et al., 2000). O tratamento, entretanto, apresenta uma série de efeitos adversos, como sintomas extrapiramidais de características parkinsonianas, sedação, disforia, hiperfagia com ganho de peso e, o mais grave, discinesia tardia (Sallee et al., 1997; Hounie e Petribú, 1999).

A pimozida tem sido proposta como alternativa ao haloperidol, devido à eficácia comparável e menor ocorrência de efeitos adversos extrapiramidais. Por outro lado, este medicamento possui efeitos de maior gravidade, envolvendo o sistema cardiovascular, incluindo ainda sedação e disfunção cognitiva (Ross e Moldofsky, 1978; Shapiro et al., 1989). A pimozida vem sendo utilizada largamente para o tratamento de ST em doses que variam de 1 a 20 mg ao dia (Sallee et al., 1997; Hounie e Petribú, 1999). Embora raro em baixas doses, o uso prolongado de pimozida pode causar o prolongamento da onda QT (Fulop et al., 1987), e portanto, recomenda-se realizar o exame eletrocardiográfico (ECG), durante a terapia de manutenção (Scahill et al., 2000).

Na prática clínica, existe uma forte tendência a substituir os chamados antagonistas típicos de receptores dopaminérgicos, tais como, haloperidol e pimozida, pelos antagonistas atípicos (risperidona, olanzapina e, em menor extensão, quetiapina) (Van der Linden et al., 1994; Brunn e Budman, 1996; Sandor, 2003) ou por agonistas dos receptores alfa-2-adrenérgicos como a clonidina e a guanfacina (Gaffney et al., 2002). Os antagonistas atípicos oferecem poucos efeitos adversos e vêm substituindo, gradualmente, o haloperidol e a pimozida, como suporte principal no tratamento dos tiques (Sandor, 2003).

Novas opções de tratamento parecem incluir a risperidona, um neuroléptico atípico com potentes propriedades antagonistas D2 e 5-HT2. A propriedade antagonista 5-HT2 parece conferir proteção contra efeitos colaterais extrapiramidais, talvez diminuindo a incidência de discenesia tardia (Scahill et al., 2000). Os efeitos adversos do uso da risperidona são a sedação, aumento de apetite e elevação dos níveis de prolactina.

Embora sintomas extrapiramidais sejam eventualmente observados, esses são muito menos freqüentes do que com o uso de haloperidol ou pimozida. Disforia e depressão podem ocorrer em indivíduos predispostos durante o tratamento com risperidona (Margolese et al., 2002). Alguns estudos indicam efeito terapêutico da quetiapina no tratamento de tiques, sendo requerida em altas doses (200 a 500 mg ao dia), entretanto, pode provocar o aumento de peso corporal do paciente (Chanob et al., 2001).

A olanzapina surge como uma droga eficaz no tratamento da ST. Estudos mais recentes mostram que 50% dos pacientes, em uso de olanzapina por oito semanas, apresentaram redução global dos tiques graves e 75% apresentaram melhora parcial do quadro, bem como, de sintomas agressivos presentes na síndrome, sem efeitos colaterais significativos, se comparados com os apresentados no uso dos neurolépticos típicos (Budman et al., 2001; Stamenkovic et al., 2000; Stephens et al., 2004).

Moléculas que mimetizam agonistas alfa-adrenérgicos, como a clonidina e a guanfacina, também podem ser utilizadas no tratamento da ST, apresentando resultados positivos em estudos controle (Peterson et al., 1999). A clonidina é uma droga não-neuroléptica que tem sido usada no tratamento da ST desde a década de 1970 (Cohen et al., 1979). Ela age como um agonista pré-sináptico dos receptores alfa-2, deprimindo o sistema noradrenérgico e promovendo a redução e a freqüência dos tiques (Scahill et al., 2000; Tourette’s Syndrome Study Group, 2002; Sandor, 2003).

Por ser um agente anti-hipertensivo, sua administração deve ser acompanhada de monitoramento da pressão arterial. A suspensão abrupta do medicamento tem sido associada a efeito rebote, nos valores de pressão arterial (Leckman et al., 1986). Um estudo comparativo entre o uso da clonidina e da risperidona em crianças e adolescentes, portadores da ST, mostrou equivalência terapêutica entre as duas substâncias reduzindo, respectivamente em 26% e 36% os tiques e em 33% e 66% os sintomas obsessivocompulsivos (Gaffney et al., 2002).

Outro agonista seletivo para o receptor alfa-2 é a guanfacina que tem sido sugerida como substituta à clonidina no tratamento da ST (Sandor, 2003; Mercadante et al., 2004). Esta troca pode trazer benefícios, principalmente quando o transtorno de déficit de atenção e hiperatividade fazem parte do quadro apresentado pelo paciente (Chappell et al., 1995; Scahill et al., 2001).

Outras drogas tais como a nicotina, tetrabenazina e benzodiazepina também são atualmente empregadas em tratamentos alternativos da ST, bem como, a injeção de toxina botulínica, que pode ser uma boa opção terapêutica para o tratamento de tiques motores e em alguns casos para tiques vocais (Sweet et al., 1974; Jankovic e Orman, 1988; Marras et al., 2001; Silver et al., 2001; Mercadante et al., 2004).

Finalmente, resultados positivos foram verificados com o uso da tiaprida, da sulpirida e da amisulprida (Fountoulakis et al., 2004), com melhoras substanciais dos sintomas. A primeira mostrou-se eficaz no controle dos tiques em crianças, com a vantagem de não produzir efeitos discinéticos marcantes (Eggers et al., 1988).

Fonte: HCnet/USP